Em outubro deste ano, as mais de 1,3 mil linhas que circulam diariamente pela cidade de São Paulo transportaram 127 milhões de passageiros, segundo a autarquia SPTrans, responsável pela gestão do sistema de transporte público por ônibus de todo o município. Atenta a esse movimento, a C2R, empresa de out-of-home (OOH), desenvolveu um novo formato de publicidade, o mobiliário urbano (MUB) para ônibus.
Nomeado de B-Air, a solução baseia-se em painel dupla face, de 40 por 20 centímetros, disposto a um pouco mais de dois metros do chão, em pontos estratégicos dos veículos. O formato, patenteado pela empresa no Brasil, Europa, Ásia e Estados Unidos, já circula em 2 mil ônibus da capital paulista desde maio. No auge da pandemia, a C2R, em parceria com SPTrans, veiculou uma campanha de conscientização em quase 3 mil dos seus painéis, alertando para a necessidade de uso máscara e para a higienização dos ônibus.
Segundo Rogério de Moraes, CEO da C2R, “com o mais novo formato de mídia, a empresa saiu de mídia generalizada e inconsistente para uma entrega completa, com cobertura, frequência e geoprocessamento”. Para o executivo, o impacto, dentro de ônibus, é de elevada relevância. O estudo Target Group Index BR, do Kantar IBOPE Media aponta que a publicidade veiculada em transportes é a mais observada entre os formatos de OOH.
Entre os diferenciais da mídia estática B-Air, está a alta visibilidade do anunciante pelos passageiros, sem interferir no trabalho do motorista e do cobrador. Além disso, os painéis oferecem praticidade. Podem ser trocados em apenas cinco segundos, via trava de segurança. Isso também proporciona agilidade. É possível trocar todas as peças de 300 a 400 ônibus em três horas. Dessa forma, as campanhas podem ser substituídas semanalmente.
Outra faceta do MUB do ônibus, desenvolvido pela C2R, é a sustentabilidade. O B-Air foi criado com a preocupação de ser reutilizável e reciclável. Todos os painéis podem ser reutilizados até cinco vezes. Depois disso, são 100% reciclados. “Não poluímos o ecossistema do planeta com resíduos plásticos e limpamos a poluição visual nos ônibus”, ressalta Moraes. O painel das comunicações é produzido localmente, por indústrias brasileiras, com uma linha capaz de produzir até dois mil deles por dia.
Do estático ao digital
Para Moraes, as campanhas de varejo demandam agilidade. “Não adianta fazer campanha de um mês inteiro”. O poder da mídia estática está, diz, na possibilidade de o anunciante ficar 20 horas no ar por dia, sem random, com um número de impactos bastante alto, considerando que cada passageiro fica em média 30 ou 40 minutos dentro do ônibus. Ademais, esse formato pode atuar como porta de entrada para o digital, por meio de QR code, para compras online e acesso a marketplaces. Segundo o Ou-of-Home Advertising Study 2019, estudo realizado pela Nielsen, 66% dos usuários de smartphones realizam algum tipo de ação em seus aparelhos, após verem uma publicidade de out-of-home.
No MUB do ônibus, o QR code estreou em uma campanha da operadora de telefonia celular TIM. Durante quatro semanas, 300 faces de 150 painéis, distribuídos por 150 ônibus da cidade de São Paulo, estimularam os passageiros a fazer recarga de pré-pago pelo acesso direto via QR code. A ação, que permitia a leitura de código a quatro metros de distância, impactou cerca de 3,5 milhões de pessoas. “A leitura de QR code demanda tempo e foco, que muitas vezes a mídia eletrônica não proporciona”, afirma o CEO da C2R.
Outra intenção com o desenvolvimento do formato B-Air é integrar mobiliários de relógios de rua à abrigos de ônibus e trilhos, que já estão mais avançados em termos de padronização e integração. “Isso fecha o ciclo da cobertura, aumentando a audiência e a frequência para deixar a comunicação mais estruturada”, diz Moraes.
Inteligência e geolocalização
Por trás do desenvolvimento do novo formato de mídia para ônibus, a C2R conta com um time dedicado à inteligência e geolocalização do ambiente, a fim de aprimorar as conexões entre marcas e consumidores. A equipe possibilita, por exemplo, a criação de roteiros específicos para determinados targets, como jovens estudantes, consumidores de shopping ou pessoas aficionadas em entretenimento.
“Trabalhamos com linhas de alta demanda e fazemos um geoprocessamento das linhas pelo mapa da cidade”, explica Moraes. “Assim, conseguimos mapear determinada linha que passa por mais de 30 shoppings paulistanos”, adiciona o executivo. Essa inteligência permite que a compra de mídia nos ônibus seja mais programática, técnica e segmentada.
A área de inteligência também desenvolveu o Checking Digital, tecnologia que permite que marcas e campanhas se comuniquem com rastreabilidade via QR code. “Quando os ônibus tiverem Wi-Fi, poderemos rastrear ainda mais a peça de forma online, porque a rede sem fio de cada ônibus gera rastreio via GPS”, antecipa Moraes.
Foco em expansão
Atualmente, 2.700 painéis B-Air já expõem suas 5.400 faces, em 2 mil ônibus de 120 linhas da cidade de São Paulo. Para o próximo ano, a C2R pretende promover a expansão dos negócios para outras cidades, com a meta de atingir 90 mil faces em diferentes municípios brasileiros. Só em São Paulo, a projeção é de 60 mil.
A empresa também prepara o início da operação do B-Air na Europa, na Ásia e nos Estados Unidos. “Queremos oferecer qualidade e custo compatível a qualquer anunciante interessado”, diz Rogério de Moraes, CEO da C2R. No Brasil, o objetivo é começar a expansão por Belo Horizonte, Salvador, Recife, Porto Alegre e Curitiba. Já na Europa, a empresa inaugurou neste mês sua primeira sede internacional em Valência, na Espanha.